Lúcido, como costuma ser quando fala de política, Requião criticou duramente o governo da Dilma. Segundo ele, as privatizações do FHC e as da Dilma “são tão diferentes quanto o casamento e a união civil estável". Perfeito. Criticou a privatização do Banco do Brasil, cuja participação estrangeira cresceu sensivelmente em período recente e outros absurdos do governo petista. Não o ouvi falar da Petrobras, provavelmente porque já peguei a entrevista em andamento.
Vote na menos fedida
Mas, pelas palavras do Requião, o governo da Dilma é a merda que fede menos... (1). Segundo ele, a existência de programas sociais e os discursos da oposição, do PSDB de Aécio e Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central e provável ministro da Fazenda de Aécio), prometendo a total entrega do país à sanha do capital financeiro, decidem seu voto a favor da menos fedida (mas, ele mesmo lembra que o Lula também não fez nomeações melhores para o Banco Central - muito menos para o Ministério da Fazenda, podemos completar).
Alguém comenta, numa rede social: "Aécio causará mais danos que Dilma, com certeza!". Para mim, esse "com certeza" é que mata, porque não dá para ter essa certeza toda. O grupo petista está se especializando no uso das artimanhas do poder e a guinada negativa que Requião detecta no governo de Dilma não é, para alguns observadores, coisa nova, um "acidente de percurso". Seria, isso sim, especialização.
Quanto à outra candidatura, a de Eduardo Campos, Requião parece que a joga na vala comum dos entreguistas. Refere-se a Campos como "Dudu Beleza", como o fazem os "companheiros".
Surpresas à vista!
Nossa, que boa opção!! Fodeu de vez. A gente já sabe de algumas coisas desagradáveis como essa, mas ouvir de novo é duro: nos resta a menos ruim, a candidata do partido "de esquerda" que paga um trilhão para os banqueiros e nos esfola no imposto de renda para fazer isso e pagar as bolsas, que são uma opção tosca, mas válida até certo ponto, para distribuir renda, mas existem em boa parte para conquistar a simpatia e o voto dos mais pobres.
E os empregos? Alguém pergunta.
Respondo: outra medida adequada, assim como as bolsas. Mas, devolvo a pergunta: até quando será possível sustentar isso sem uma estrutura produtiva? Será economicamente viável? Tenho minhas dúvidas e creio que os mais endinheirados (incluindo os protetores do governo petista, os grandes banqueiros que nos parasitam com a ajuda dos "companheiros") também já não acreditam mais nisso, o que pode trazer surpresas para a eleição deste ano (se bem me recordo, Requião sugeriu que pode haver um resultado inesperado na próxima eleição).
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Todos juntos vamos, pra frente. Brasil, Brasil, salve a seleção!!! |
E há um item grave a ser levado em conta. A entrega ao capital financeiro que o governo petista vem promovendo, paralelamente à inclusão de muitos como consumidores, não como cidadãos, promove uma situação parasitária: você só é aceito se se anular como cidadão ou, mais grave, como singularidade. Em outros termos, quanto mais idiota você for, melhor vai se dar no mundo dos idiotas. "Seja um de nós e não passará necessidades, pois não as perceberá", diz o chamado.
É a moral do rebanho da qual Nietzsche falava.
Uni-vos, assalariados, que a merda fede mas precisa ser palatável
Assalariados, uni-vos para reeleger Dilma (e o PT) que os vai rebentar mais quatro anos e enriquecer meia-dúzia de amigos próximos, enquanto paga os auxílios sociais, adequados e justos, mas que são financiados por você, que não é assalariado e não tem como sonegar o fisco e outros impostos... e que paga ainda os regabofes dos homens e mulheres de vida pública que você estupidamente elege para que te representem, mas que representam o próprio bolso e os bolsos de alguns chegados e, assim, acabam indo contra você, que os elege para jogar a favor.
Vai dar merda de qualquer jeito
Qual a opção? Chorar, votar nulo, ter uma explosão de ódio enquanto o governo covarde te obriga a ficar de quatro para a Dona FIFA, para o capital financeiro e para quem mais chegar? Ou aguardar o impossível: que o grupo (alguns chamam de quadrilha) que tomou o poder seja banido por guerreiros santos petistas "puros"? Não eles provavelmente também estão pensando no próprio bolso, pois há algo em torno de 100 mil companheiros comissionados no governo, sendo 22 mil DASs (O salário mais baixo é bem alto, dizem).
Ou esperar o improvável, que surja alguém na oposição com credibilidade para motivar a derrota do péssimo time que tomou o Planalto?
Melhor desistir e se conformar. Ganhe quem ganhar, vai dar merda.
Sem premiação para você
2014 é o ano do "foda-se": foda-se a seleção e foda-se a eleição. Ganhe quem ganhar, você não vai receber qualquer prêmio por isso.
Então, só há uma coisa a dizer: "Foda-se" (2).
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(1) Não, Requião não usou a expressão "merda" para designar o governo de Dilma. Mas, chegou perto.
(2) Segundo texto que circulou na internet há anos e que seria supostamente assinado pelo célebre Millôr Fernandes, dizer "foda-se" é algo que areja a alma e torna qualquer um mais leve e, consequentemente, mais feliz).
Então, repita comigo e se sinta melhor: "foda-se".
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